30 Abril, 2018

1° DE MAIO – DIA DO TRABALHADOR OU DIA DO TRABALHO? - PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE MAURI VIANA PEREIRA PARA O DIA DO TRABALHO

Meus amigos, minhas amigas!

Dia primeiro de maio o mundo comemora o dia do trabalhador. Um dia marcado na história pela luta dos trabalhadores que se mobilizavam por condições de trabalho decente, jornada de trabalho justa e melhores salários. Se classe trabalhadora hoje tem o mínimo de condições dignas de trabalho, foi graças a luta dos trabalhadores do passado, mobilizados principalmente pelos sindicatos. No Brasil, infelizmente, não há o que comemorar. No último ano, o Governo Federal se dedicou inteiramente a agradar o empresariado, aniquilar sindicatos, afrouxar as leis trabalhistas e colocar o trabalhador a mercê da arrogância do patrão. A reforma trabalhista que se anunciava tão potente, onde segundo Henrique Meirelles iria gerar 6 milhões de novos empregos, começamos o ano com um dado triste do IBGE, só no primeiro trimestre de 2018, o Brasil perdeu 1,5 milhão de postos de trabalho. Ainda de acordo com o IBGE, o Brasil tem 13,689 milhões de pessoas em busca de emprego no primeiro trimestre deste ano.

Não é só o desemprego que preocupa, mas também a alta constante de bens de consumo, principalmente a gasolina e a energia elétrica. Um pais mergulhado na corrupção, uma inflação maquiada e os trabalhadores que não perderam seus empregos estão perdendo seus direitos. Estamos vivendo uma escravidão moderna, onde os trabalhadores são apenas peças de reposição. Os sindicatos que teimam em defender os direitos de suas categorias têm que enfrentar a insolência patronal, que hoje detém as cartas e por isso não querem oferecer o mínimo possível.

É preciso reagir. E mais uma vez, assim como em muitos momentos da nossa história, vamos precisar de união, vamos precisar dos trabalhadores, vamos precisar dos sindicatos, das federações, das centrais sindicais. 2017 foi um ano duro para trabalhadores e para os sindicatos. Levamos um golpe atrás do outro, aprovaram a terceirização irrestrita, mudaram mais de 100 artigos da CLT e anunciaram para o mundo que o trabalhador não iria perder direitos, apenas estavam colocando fim na obrigatoriedade da contribuição sindical e que por isso os sindicatos não concordavam, jogando os trabalhadores contra suas entidades representativas, permitindo a superexploração em todos os níveis de atividades. Um liberalismo excludente, desumano, que conta com um governo ilegítimo para orquestrar o fim dos direitos sociais, trabalhistas e da liberdade sindical, defendidos por aqueles que detém o capital.

Mas a Fenatracoop e seus sindicatos filiados não nasceram pelas mãos do patronato. Nascemos pelas mãos dos trabalhadores. E através deles não fecharemos nossas portas, não recuaremos um milímetro na busca por garantias e direitos. Somos uma categoria aguerrida, arrojada e enquanto muitas entidades estão chorando o fim de suas atividades, nós estamos mais fortes do que nunca. Aproveitamos o momento de dificuldade para nos reinventarmos. Estamos propondo uma nova forma de custeio sindical. Apenas por aqueles que realmente acreditam no seu sindicato. A portaria 001/2018 da Fenatracoop instituiu, em reunião com seu conselho, um Sistema Tributário Único Sindical – Contribuição Confederativa e criou regras para sua aplicação. Propomos o fim de vez da famigerada contribuição sindical e de qualquer outra taxa que possa ser cobrada dos trabalhadores e criamos uma única forma de custeio, a contribuição confederativa, amparados pelo artigo 8º, IV, da Constituição Federal. Mas esta contribuição é devida apenas pelos os trabalhadores sindicalizados.

É preciso coragem para abrir mão de toda sua arrecadação e correr o risco de fecharmos as portas, mas nós confiamos em nossos trabalhadores. Já instituímos a contribuição confederativa no Paraná, em uma assembleia com cerca de 8 mil trabalhadores, também no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. E em assembleias que já estão marcadas apresentaremos esse novo modelo de sindicalismo aos trabalhadores, espalhando a marca Fenatracoop por todo o Brasil.

Em mais uma atitude ousada, onde já aprovamos a portaria da Fenatracoop, vamos iniciar uma campanha de desfiliação. Isso mesmo. Só fica sindicalizado quem estiver satisfeito com o sindicato. Vamos deixar à disposição nas cooperativas formulários de desfiliação para quem quiser abrir mão de sua entidade, mas ciente de que também estarão abrindo mão de todos os benefícios que o sindicato oferece, renunciando as conquistas negociadas pelo seu sindicato. Isso aprovado em assembleia pelos trabalhadores. Chega de sanguessuga no movimento sindical.

Somos uma entidade preocupada com a saúde, com o lazer e com a família de cada trabalhador. Temos programa de saúde com a acupuntura, lazer com o turismo do trabalhador, segurança e habitação com o habitrabs, conquistas que foram fruto de muita luta das entidades sindicais e que só podem ser estendidas a quem dá valor na sua representatividade. E é o que estamos vendo por todo este Brasil, trabalhadores em assembleias, soberanamente, decidindo que o sindicato existe, que a Fenatracoop existe, que os trabalhadores existem e não abrirão mão de nenhum mísero direito.

Podem vir todos, nós estamos contra a corrente, como sempre estivemos, mas sempre na vanguarda. A categoria dos trabalhadores em cooperativas está em pé, podem ter certeza, não vão nos derrubar, sairemos dessa ainda mais fortes.


MAURI VIANA PEREIRA - PRESIDENTE DA FENATRACOOP

 

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